terça-feira, 29 de setembro de 2009

Foto


Uma foto revela mais que uma paisagem: revela um olhar.
Pode ser um olhar de curiosidade, deleite, ou de satisfação com o que se vê.
Esta foto de Laura Backes tirada no interior da Croácia atiça minha curiosidade. De onde são essas escadarias? Quem vive ou frequenta esse lugar? Aonde essa passagem leva?
Não há nada de espetacular: há um cotidiano.
Um cotidiano qualquer, que como quase qualquer coisa, pode ser capturada artisticamente.
Algo nada espetacula que se transforma em algo lindo.

Laura Backes é atriz e dançarina. Ah, fotógrafa também.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009



tempo desgarrado
ventos desgraçados
sopram luas
varrem ruas.
caldos tortos
braços retos
olhos frágeis
coração partido.
amargo é o som
da devastação.
nuvens fracas
ecos de aspectos
passados.

GUSTAVO.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tim Maia




Assisti nesse findi o dvd Tim Maia in concert, show ao vivo do síndico cantando muitos sucessos. Fiquei impressionado vendo Tim ao vivo (mais tempo do que apenas num clipe) pela quantidade de energia daquele homem. Não a energia dos "aditivos" (que nunca saberemos quanto ele aguentava), mas a energia criativa dele.
Apenas ouvindo sua voz, chama a atenção seu timbre e afinação, coisa que toma por inteiro muitos cantores. Não para o Tim. Parece que cantar era pouco pra ele. Não apenas cantava com sua voz marcante, como estava, ao mesmo tempo, regendo Vitória Régia (sua banda), se comunicando com o público, comentando a música, reclamando do volume dos instrumentos, tudo num clima de ensaio/brincadeira num nível de alto profissionalismo (quando ele subia no palco).
Vale a pena para quem quiser conferir a fera se divertindo como criança. Valeu a dica do Edu!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Através de um espelho


Assisti finalmente um filme do tão comentado Bergman, Através de um espelho (1961). Tudo tem uma primeira vez. Me apaixonei pela fotografia, e não achei tão pesado como comentam. Me explico melhor: achei forte sim, pela veracidade da trama, mas senti que ele apresenta possibilidades, pincela por possibilidades, mesmo que a realidade se mantenha dura, sintuosa em vários momentos. Mesmo assim, o arrepio provocado pela veracidade, cruel como é retratada pelo diretor, fascina pela maestria de sua captura.
O tema principal é a loucura e a falta de conexão com Deus. A loucura é mostrada no filme com seu aspecto terrível, que desestrutura a pessoa e a família, e o transtorno de perder contato com a realidade. Ao mesmo tempo, é preciso um pouco de loucura para conceber com tanta habilidade um filme complexo como esse, ou para atuar tão bem como atuam os atores. Na verdade, é preciso contato com a loucura para qualquer forma de arte, não?
Da mesma maneira, quando pai e filho conversam na cena final sobre o vazio da existência, eles entendem um pouco a loucura da vida, já que "tudo pode acontecer". Vivemos num mundo onde tudo é capaz de acontecer, e estamos todos sentenciados à morte, mais cedo ou mais tarde, e nesse vazio, nesse mesmo vazio da existência, encontramos amor. Nesse mundo encontramos amor.
Quem sabe a loucura não está para nós, assim como estamos para Deus?