O que havemos de ser quando morrermos.
Não conhecemos quem será então
Aquele que hoje somos.
Só o passado, a ele e a nós comum,
Será indício de que a nossa alma
Persiste e como antiga ama, conta
Persiste e como antiga ama, conta
Histórias esquecidas
Se pudéssemos pôr o pensamento
Com exata visão adentro à vida
Que havemos de ter naquela hora,
Estranhos olharíamos
O que somos, cuidando ver um outro
E o espaço temporal que hoje habitamos
Luz onde nossa alma nasceu
Perdida antes de a termos.
Fernando Pessoa 31/1/1922
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