quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um que tenha!


Sacoleiros de plantão! "Um que tenha" é um site cheio de álbuns em mp3 para download, com muita mpb e outros gêneros. Utiliza o rapidshare, pelo que vi, então está sujeito aos contratempos normais desse serviço, mas vale a pena pelo "estoque" de material.
Inclusive tem o disco do Trezegraus para download, um projeto aqui de Porto Alegre muito bacana e original.

Atenção! Este blog não encoraja nenhuma forma de pirataria ou transmissão ilegal de músicas, prestando-se apenas ao serviço de difusão cultural.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cidade maravilhosa


Ah, o carnaval.
A alegria toma conta, o colorido diverte e o movimento entretém.
Não tem ano que comece sem carnaval no Brasil.
Toda a explosão é real.
Mas muito do que se põe pra fora é parte de um esquecimento.
Depois de tanta serpentina, só podia vir um dia de cinzas.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Amavisse

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

Hilda Hilst

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Teologia/1

Esses contos do Galeano estão sendo uma grande inspiração. Como não faz bem ao coração reprimir paixões, coloco mais uma historinha aqui.



O catecismo me ensinou, na infância, a fazer o bem por interesse e a não fazer o mal por medo. Deus me oferecia castigos e recompensas, me ameaçava com o inferno e me prometia o céu; e eu temia e acreditava.
Passaram-se os anos. Eu já não temo nem creio. E em todo caso - penso -, se mereço ser assado cozido no caldeirão do inferno, condenado ao fogo lento e eterno, que assim seja. Assim me salvarei do purgatório, que está cheio de horríveis turistas de classe média; e no final das contas, se fará justiça.
Sinceramente: merecer, mereço. Nunca matei ninguém, é verdade, mas por falta de coragem ou de tempo, e não por falta de querer. Não vou à missa aos domingos, nem nos dias de guarda. Cobicei quase todas as mulheres de meus próximos, exceto as feias, e assim violei, pelo menos em intenção, a propriedade privada que Deus pessoalmente sacramentou nas tábuas de Moisés: Não cobiçarás a mulher de teu próximo nem seu touro, nem seu asno... E como se fosse pouco, com premeditação e deslealdade, cometi o ato do amor sem o nobre propósito de reproduzir a mão-de-obra. Sei muito bem que o pecado carnal não é bem visto no céu; mas desconfio que Deus condena o que ignora.

O livro dos abraços, de Eduardo Galeano.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Crônica de uma chuva

















Ando pelo centro de Porto Alegre. O céu preto, o ar quente. De repente, a chuva começa a cair tempestuosa, sem cerimônia. As pessoas ficam bobas, se esgueirando nas marquises. Os minutos seguintes são de surpresa, a chuva ganha corpo, ensopando todos os corpos em seu caminho.
Pessoas, que logo antes caminhavam pingando suor, passam a pingar água. Fiz o que se faz quando a chuva levanta água nas calçadas, busquei abrigo debaixo da ponte. Fui para debaixo do viaduto da Conceição pegar um ônibus.
O guarda-chuva não deu conta de nada, cada passo vertia água do tênis encharcado, bermuda e camisa molhadas. Debaixo da ponte, a comparação inevitável, os totalmente molhados e os totalmente secos. Me enquadrando no segundo grupo, cheguei em casa e tive que tomar um (outro) banho, para me lavar da chuva.

GUSTAVO.

Entre o saber e o foder


























Meus pensamentos vagem
entre os números da matemática
e os pentelhos da buceta.

Minhas mãos lançam mão
de notas acadêmicas
e gemidos tropicais.

Suar. Suar, talvez gozar.

Penetrar com meu corpo
(precisão científica)
e ser recebido com prazer.

A vida de mil e uma faces,
âmbitos do saber
recôncavos e piças a estremecer.

Homenagem à Hilda Hilst.