quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fita amarela
























Quero que o sol não invada o meu caixão
Para minha pobre alma não morrer de insolação

Fico contente, consolado de saber
Que as morenas tão formosas
A terra um dia há de comer

Não tenho herdeiros, não possui um só vintém
Eu vivi devendo a todos, mas não paguei ninguém

Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim

Quando eu morrer, não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela, gravada com o nome dela
Não quero flores, nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho

Noel Rosa, Fita amarela (composta em 1932)

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