Aí pesquisei sobre os shows de Joãozinho (pra me amansar), e li um produtor dizendo que o artista cria um clima "de catedral" ao vivo, e isso me bateu. Voltei pro disco e entendi o que o cara disse. Realmente, o músico faz a música ir além, transcende a simples voz e o simples violão. Há algo mais que isso. Há algo mais do que voz e violão ali, naquele momento. Como um quadro de Pollock, em que há mais do que quadro e tinta: existe um elemento extra, invisível. Tem algo ali mais do que quadro e tinta.
Como na música Sem Compromisso, a repetição da pequena letra de novo e de novo cria quase que uma dissociação das palavras, a genialidade transforma a letra em algo mais, algo além, somado a batida de violão. Me lembrei então dos mantras, que criam um estado contemplativo pela repetição de palavras. Claro, João não esta apenas repetindo algo, mas interpreta a canção. Também não tem nada a ver com o Deus da igreja, que tem música e até rock para os rebanhos, digo, fiéis.
De qualquer forma, a arte tem essa natureza transcendental, de transformar o comum em além-comum. A profunda beleza da música (para mim em especial a ao vivo que capta o momento presente da execução e as nuanças em que isso implica) leva a um prazer sutil, quem sabe pelo abandono ou transmutação do comum.
"Se um músico estiver tocando,
se um pintor estiver pintando,
se uma pessoa dança com a alma,
se alguém estiver inteirado em algo,
fique pertinho, quietinho e aberto,
pois Deus, por certo,
está rondando por ali"
Osho
GUSTAVO.
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