quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Tempo para esvaziar
Janelas de ontem e hoje
Os velhinhos de ontemcostumavam, sobretudo nos fins de tarde, abrir as janelasdas casas e ficar ali, às vezes com os cotovelos apoiados em almofadas, esperando que algo acontecesse: a aproximação de um conhecido, uma correria de crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a aparição da lua.
Eles se espantariam com as crianças e os jovens de hoje, fechados nos quartos, que ligam o computador, abrem asjanelas da internet e navegam por horas por um mundo de imagens, palavras e formas quase infinitas.
O homem continua sendo um bicho muito curioso. O mundo segue intrigando-o.
O que ninguém sabe é se o mundo está cada vez maior ou menor. O que imagino é que, de suas janelas, os velhinhos viam muito pouca coisa, mas pensavam muito sobre cada uma delas. Tinham tempo para recolher as informações mínimas da vida e matutar sobre elas. Já quem fica nasjanelas da internet vê coisas demais, e passa de uma para outra quase sem se inteirar plenamente do que está vendo. Mudou o tempo interior do homem, mudou seu jeito de olhar, Mudaram as janelas para o mundo e nós seguimos olhando, olhando, olhando sem parar, sempre com aquela sensação de que não podemos parar de olhar, seja o cachorro de verdade que se coça na esquina da padaria, seja o passeio virtual por Marte, na tela colorida.
Cristiano Calógeras
domingo, 15 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Homem pirata
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
A origem do mundo
quanto tempo?
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
ação
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
segunda-feira teia
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Fita amarela
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Foto
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Tim Maia
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Através de um espelho
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
vai pagar quanto?
dinheiro
não compra felicidade
mas suborna o prazer.
dinheiro
disfarça a feiúra
mas não aumenta o pau.
dinheiro
constrange a pobreza
humilha a fome
mas não compra alma.
dinheiro
não tem cpf
nem comprova residência
mas tem endereço certo.
dinheiro
suborna e mata
mas não confere vida.
dinheiro
te leva aonde quiser
mas não te traz felicidade.
GUSTAVO.
Dedicado aos nascimentos artísticos!
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Escolhendo (e escolhendo, ainda escolhendo...)
Não a intenção que antecede a escolha, mas que direciona ela. É a direção que você toma, independente de qual pé dá o primeiro passo. Isso soa meio "dã", mas tira um pouco do peso de quem tem medo de escolher... ou preguiça mesmo. Afinal, vale mesmo é contatar com nossa essência, e a partir daí.... é zen.
Poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!
de Florbela Espanca, em Trocando olhares (vol. 1 da L&PM Pocket)
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Quando um homem tem uma mangueira no quintal
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Ah, Dindi...
Céu, tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras
Prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei
E o vento que toca nas folhas
Contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também
Ai, Dindí,
Se soubesses o bem que eu te quero
O mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí
Ai, Dindí,
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindí
Olha, Dindí, fica, DindíE as águas desse rio
Onde vão, eu não sei
A minha vida inteira, esperei, esperei por você, Dindí
Que é a coisa mais linda que existe
É você não existe, Dindí
Dindi, de Tom Jobim.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Perdão
as vezes em excesso.
me perdoe o amor sem forma
as vezes pontiagudo.
me perdoe o grito preso
que teria abafado um falso desprezo.
me perdoe todo apoio
que não consegui te dar.
me perdoe por toda a paixão
que deixei pra amanhã.
me perdoe o sorriso morto
e a lágrima que secou.
GUSTAVO.
Dedicado à Mel.
ps: eu te amo.
domingo, 19 de julho de 2009
Uma impressão
Impressão: nascer do sol, por Claude Monet.
Para o impressionismo, captar as coisas exatamente como elas são não importa. O que importa é captar o sentimento que ela desperta, a impressão que aquilo lhe dá. Na época, academicamente errado e tecnicamente imperfeito. Quem sabe um busca da essência dos momentos?
segunda-feira, 13 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Dois poemas
A rigor
A fortuna é a cartola do diabo
Que deus, quando vai à festa,
Gosta de tomar
Emprestado.
Só porque era conselho
Aquela luz ao pé da cama,
vestida de um silêncio escuro,
dizia que não se ama
mais assim, de um jeito largo.
"Muda, muda, minha filha,
larga essa vida insana!"
Mas, grande não se entorta mais
pra lado que a raiz não manda.
Foram passando meses,
passando, passando anos,
até que num fim de noite,
de frente para o desdém,
a luz foi ficando grande,
grande, grande, Grande,
e era um trem.
domingo, 5 de julho de 2009
INSIGHT
estamos mexidos,
algo em nós
foi mexido:
é preciso tempo
e paciência
para que as coisas
se reacomodem
em seu
lugar.
GUSTAVO.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Automat
segunda-feira, 29 de junho de 2009
o vento alisa meus cabelos
como se fosse mão materna:
abrindo a porta das lembranças
o pensamento de mim sai.
São outras vozes as que levo,
é de outros lábios o meu cantar:
a minha gruta de lembranças
tem uma estranha claridade!
Frutos de terras estrangeiras,
ondas azuis de estranho mar,
amores de outros homens, penas
que eu não me atrevo a relembrar.
Vento, o vento que me penteia
como se fosse mão materna!
Perde-se a verdade na noite:
não noite nem verdade!
Deitado em meio do caminho
deverão pisar-me para andar.
Passam por mim seus corações
bêbados de vinho e de sonhar.
Sou uma ponte imóvel entre
o coração e a eternidade.
Se eu morresse de repente
não deixaria de cantar!
Pablo Neruda, em Crepusculário.
Mais sobre o poeta.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
a vida que deus não quis
caminhos tortos
linhas de digitais
naturais.
a vida tortuosa
não é virgem
é vertigem
na queda do penhasco
no pôr-do-sol,
na ondulação d'água,
na fermentação do vinho,
no grito da vida
recém-nascida.
GUSTAVO.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
Jalaluddin Rumi
terça-feira, 23 de junho de 2009
O elefante estava dançando sobre a pulga, porque a pulga estava em cima do elefante.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
cegueira
o que não se vê
mas se vê
no clichê
démodé
corrosiva
repetição
agonia
cega
tiros
no escuro
corrosiva
repetição
teatro
absurdo
com único
espectador.
GUSTAVO
terça-feira, 16 de junho de 2009
Chega de saudade
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Vinicius de Moraes
domingo, 14 de junho de 2009
Cecília Meireles, Cânticos
Tu tens medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Koan
Dentro dessa tradição, o koan aparece como um recurso aos alunos. É uma afirmação, narração ou diálogo que busca freiar a razão. Esse pequeno koan poético roubei de um site agora adicionado aos links, que se chama KOANS.
Sobre o zafu, ninguém, sob o zafu, nenhum chão.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
é sólido enraizado.
bruto é o resto
de realidade.
em caixas quebradas,
restos de sonhos,
lembranças de tormentas.
o olho d'água que brilha,
só.
GUSTAVO
terça-feira, 9 de junho de 2009
Parabéns atrasado!
Charles Darwin completaria hoje 200 anos, não fosse pela seleção natural. Ela, afinal, é a maior responsável pelo barroco processo de desenvolvimento que leva os organismos complexos inexoravelmente à morte - conceito que não se aplica muito a bactérias e arqueobactérias, seres que se reproduzem gerando clones de si próprios, partilham identidades com a transferência horizontal de genes e podem ficar milênios em vida suspensa (no gelo, por exemplo).
A contribuição de Darwin para a ciência e para a história, porém, continua viva, e muito viva, exatamente com a ideia de seleção natural. Só por isso ele já merece os parabéns. Feliz Aniversário, Darwin."
Por Marcelo Leite, em 12/02/09, aqui.
domingo, 7 de junho de 2009
segue o teu destino,
rega as tuas plantas,
ama as tuas rosas.
o resto é a sombra
de árvores alheias.
a realidade
é sempre mais ou menos
do que nós queremos.
só nós somos sempre
iguais a nós-próprios.
suave é viver só
grande e nobre é sempre
viver simplesmente.
deixa a dor nas aras
como ex-voto aos deuses.
vê de longe a vida
nunca a interrogues.
ela nada pode dizer-te. a resposta
está além dos deuses.
mas serenamente
imita o olimpo
no teu coração.
os deuses são deuses
porque não se pensam.
Fernando Pessoa (como Ricaro Reis), 01/07/1916.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
vi uma poesia no dia-a-dia
fantasia
sombras
poesia
quantas ideias boas perdidas nos ônibus?
fantasmas.
GUSTAVO
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Brasil, meu Brasil brasileiro
Da Central do Brasil...
Incluindo paixão antiga,
E aquele beijo quente
Que eu ganhei da sua amiga.
E o que é que deu?
Funk na cabeça.
Alô, Alô tia Léia
Se tiver ventando muito
Não venha de helicóptero
Alô, Alô W Brasil..."
W/Brasil, de Jorge Ben Jor
Desnudos
Nacía, gris, la luna, y Beethoven lloraba,
bajo la mano blanca, en el piano de ella...
En la estancia sin luz, ella, mientras tocaba,
morena de la luna, era tres veces bella.
Teníamos los dos desangradas las flores
del corazón, y acaso llorábamos sin vernos...
Cada nota encendía una herida de amores...
-El dulce piano intentaba comprendernos.-
Por el balcón abierto a brumas estrelladas,
venía un viento triste de mundos invisibles...
Ella me preguntaba de cosas ignoradas
y yo le respondía de cosas imposibles...
Juan Ramón Jiménez
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Estréia!
no saco de ideias guardadas
com medo de serem roubadas
me deixam de saco cheio
GUSTAVO